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Unimed Rio Preto - Relações com Investidores

ÉPOCA DE TRANSFORMAÇÃO

A primeira Unimed
Imagem: A primeira Unimed foi criada em Santos (SP), no Gonzaga.

Os registros mais antigos revelam que, ao longo da história, o cooperativismo se mostrou fundamental para garantir a sobrevivência individual, da comunidade ou do país, além de se mostrar presente no fortalecimento de classe social ou de setor. No mundo ocidental, o modelo ganhou identidade na Europa, a partir do século 19, durante a Revolução Industrial. A primeira experiência de que se tem notícia foi colocada em prática pela Sociedade dos Probos Pioneiros deRochdale, Inglaterra, em 1844. Nessa época, 28 tecelões se uniram e, atuando com unidade e igual propósito, aumentaram a produtividade, o poder de escolha e a força da própria palavra nas decisões.

Os benefícios gerados com a participação de todos os integrantes, chamados de associados, foram divididos proporcionalmente. Essa forma de associação cresceu, desenvolveu-se ao longo dos anos e atingiu uma relevante estatura. No Brasil, o conceito chegou em 1902, com o pioneiro padre suíço TheodorAmstad. O jesuíta e 19 lideranças locais constituíram uma cooperativa de crédito, em Nova Petrópolis (RS), chamada Sicredi. Mais tarde, esse tipo de parceria se espalhou pelos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro e contou com a fundamental participação dos imigrantes. Com incentivo público, o movimento se diversificou e ganhou impulso a partir de 1932, com a publicação do Decreto Federal nº 22.239, que estimulou o desenvolvimento do cooperativismo no território nacional. As décadas de 1960 e 1970 registraram importantes e irreversíveis transformações no Brasil, em campos como política, cultura, comportamento, migração, economia e saúde.

São José do Rio Preto, fundada no Noroeste do próspero Estado de São Paulo, não passou incólume por tantas novidades. Distante 440 quilômetros da Capital, a localidade vivia um período de transição, com a troca da identidade interiorana pela ampliação do olhar proporcionada pela modernização, crescimento demográfico e desenvolvimento. No intervalo de 20 anos, a população passou de 84 mil habitantes para 188 mil (1980), conforme Censo do IBGE. Com a chegada de milhares de novos moradores a cada ano, vindos principalmente da zona rural ou de localidades vizinhas, cresceu a busca por moradia, educação, atendimento médico e emprego, sobretudo nas pequenas indústrias, área de serviços e comércio – setores que já se destacavam em âmbito regional pela qualidade e variedade dos produtos. O impacto habitacional alterou rapidamente a fisionomia do município que, pouco a pouco, encontrou o caminho adequado e resolveu os problemas que surgiram sem sacrificar a população. Foram erguidos pilares que estão firmes até hoje e a saúde representa uma dessas bases sólidas que sustentam São José do Rio Preto.

Antes de experimentar a bonança, entretanto, foi necessário enfrentar uma tempestade. Em 1966, o Governo Federal fundou o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), porém, apesar de certa eficiência, a proposta não se cumpriu integralmente, principalmente pela incapacidade do sistema em atender rápida e adequadamente a todos os brasileiros. A saída encontrada pelo Executivo foi incentivar a prática do convênio-empresa, a fim de solucionar a questão do atendimento de qualidade com rapidez e abrangência. Cada companhia descontava até 10% do salário de cada colaborador, com o mesmo percentual para cada dependente. Em troca, tinha a obrigação de oferecer assistência médica e hospitalar. Por falta de infraestrutura, know-how e profissionais adequados, as empresas terceirizaram a saúde, o que abriu espaço para empresas de medicina e, nessa modalidade, a atividade era vista principalmente pelo viés financeiro, ameaçando a autonomia médica. Como forma de reagir à mercantilização, em 1967 foi fundada a União dos Médicos – Unimed, em Santos, a primeira cooperativa do gênero no Brasil. Como a ideia prosperou, ela chamou a atenção dos médicos de São José do Rio Preto e a primeira etapa desse processo consistiu em buscar informação sobre o novo modelo. Nada melhor do que recorrer à fonte primária.

Dr. Edmundo Castilho, presidente da Unimed de Santos, veio palestrar na Sociedade de Medicina e Cirurgia de São José do Rio Preto no dia 23 de maio de 1971. O gestor esteve acompanhado de Eduardo Salvador, Relações Públicas. A imprensa local noticiou o fato com grande interesse. Na conferência, eles apresentaram subsídios sobre o funcionamento, as exigências burocráticas para a abertura e dados completos da singular que, em apenas quatro anos, contabilizava 80 mil segurados e participação de 320 dos 400 médicos da Baixada Santista. Os animadores índices somados à vontade de mudar a realidade foram determinantes. “As conquistas da medicina, especialmente nessa época, foram baseadas na relação de união que existe na classe médica”, afirmou o cirurgião cardíaco Dr. Domingo Marcolino Braile (in memoriam), que concedeu entrevista à produção deste livro três meses antes de seu falecimento, em 22 de março de 2020.

O momento mostrava-se propício para efetuar drásticas mudanças na saúde e trazer novidades. Em 1968, ocorreu a aula magna da Faculdade Regional de Medicina de Rio Preto (Farme), que se tornouFamerpcom a estadualização em 1994. “A cidade era pequena, mas a nossa classe queria transformá-la em um centro médico respeitado, o que acabou acontecendo. Um grupo tinha o forte desejo de buscar a evolução e o progresso da medicina”, lembrou Dr. Braile. Uma de suas melhores lembranças do período foi um voo que fez, em companhia do Dr. Amadeu MenezesLorgae do Dr. Roberto Kaiser. Como estudavam a fundo o cooperativismo, eles se deslocaram até Porto Alegre (RS) com objetivo de conhecer o trabalho local que despontava no cenário brasileiro. Trouxeram mais elementos importantes para efetivar a fundação. Com a decisão de fundar a cooperativa, os médicos rio-pretenses foram convidados a ingressar na Unimed, em troca de oito cotas simbólicas, porém, inicialmente, houve certa resistência devido às inúmeras dúvidas acerca desse novo modelo. Como o cooperativismo se tratava de novidade à maioria, os entusiastas desenvolveram um trabalho de convencimento, apresentando, com riqueza de detalhes, os prós e os contras. “Muitos tinham um fluxo de pacientes particulares no consultório. A principal mudança baseava-se em atuar coletivamente e aceitar os valores propostos e baseados em experiências desenvolvidas em algumas partes do Brasil”, diz o Dr.EdilbertoAraújo, um dos entusiastas da ideia. A avaliação se modificou quando o sistema entrou em funcionamento e o cooperado teve acesso aos hospitais credenciados. “Até então, para ingressar em qualquer instituição, era necessário ser aceito no corpo clínico e, com a cooperativa, a situação se modificou, o que significou um avanço. Nossos pacientes passaram a ser tratados em qual - quer hospital de São José do Rio Preto”, acrescenta Dr.Edilberto, vice-presidente da Unimed de 1988 a 1990. A oportunidade bateu na porta de todos os consultórios. “Na época, existiam principalmente cooperativas rurais. Havia a necessidade de estabelecer esse modelo de associação na área médica, com padronização do serviço e oportunidades iguais a todos”, afirmou também Dr. Braile.

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